Como eu gostava que todos os meus alunos e alunas estivessem fascinados por esta ‘magia’:
(por Quino)
Como eu gostava que todos os meus alunos e alunas estivessem fascinados por esta ‘magia’:
(por Quino)
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O realizador alemão Werner Herzog foi autorizado a filmar por algumas semanas no interior das grutas de Chauvet, no sul de França. Descobertas em 1994, estas grutas guardam aquelas que agora se julga serem as mais antigas pinturas da Humanidade, feitas há mais de 30,000 anos.
Assistir a este filme é estranho, tão deslumbrante quanto claustrofóbico. Acompanhamos a equipa técnica andando sobre uma passadeira de alumínio construída em cima de um espantoso chão de calcite, os movimentos estreitos, limitados e contidos sob as estalactites cintilantes. A luz das lanternas ora desvenda ora esconde em sombra os desenhos de cavalos, mamutes, ursos, leões das cavernas e rinocerontes lanudos, ondulando nas paredes. O equipamento é rudimentar por isso às vezes o efeito 3D parece antes construir uma imagem translúcida e inconsistente mas, tendo encerrado Lascaux e Altamira, e Chauvet desde logo interdita, é o mais próximo que poderemos jamais estar dentro de uma gruta decorada por estes antepassados tão longínquos.
O filme é uma lição do Paleolítico mas esta visita à gruta de Chauvet é também, e sobretudo, uma lição de desenho, uma apologia do Desenho. Como é que algo tão abstracto como a linha de contorno se instaurou desde esses milénios, ao serviço da espantosa invenção que foi, e é, a figuração ou a representação figurativa. O contorno consegue fazer figuras que assim se transportam no tempo, até nós, para além de qualquer linguagem, idioma ou gesto, e se dão a conhecer como eram e como foram feitas. São as figuras desenhadas que nos contam histórias da idade do Tempo.
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Muito bonito este blogue da ilustradora Pam Smy que acabo de descobrir. Os desenhos que faz no caderno de esboços depois são trabalhados nas ilustrações para livros.
Mais contente fiquei ainda quando descobri os desenhos feitos por ela no Porto, muitos deles no Mercado do Bolhão. Ver estes aqui em baixo e mais e mais aqui.
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…que inaugura mais uma edição da Ilustrarte no Museu da Electricidade. Fica aqui o convite:
O desenho da exposição é, felizmente mais uma vez, do meu querido colega arquitecto Pedro Cabrito (+ Isabel Diniz), a.k.a. o ilustrador Pedro Burgos.
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Continuando com o tema, que é afinal um pretexto para mostrar que a ilustração nem sempre é só para o livro e imprensa. Vejam-se estas lindas embalagens ilustradas a traço preto sobre branco, quase como gravuras.
(design WPF Branding Agency, Rússia, via LovelyPackage)
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Por falar em ilustração e em Jorge Silva, aqui fica a ligação para o seu blogue Almanaque Silva, que me encheu os dias e os olhos durante 2011, no qual se dá a conhecer, documenta e comenta um invejável espólio de ilustrações portuguesas, publicações e edições e imagens muitas vezes restauradas e assim resgatadas do esquecimento.
O adversário misterioso, Agatha Christie, Livraria Civilização, 1960
De acordo com a apresentação do Almanaque, Jorge Silva está a desenvolver um projeto de edição sobre ilustradores portugueses e escreve uma História da Ilustração Portuguesa, para publicar em 2012. Aguardamos ansiosamente esse trabalho inédito e do qual estamos mesmo precisados.
Já a abrir 2012, Jorge Silva enceta um novo projecto, Living Dead Covers, ou um blogue com a sua colecção de imagens de capas de livros fantásticos. Capas fantásticas a não perder!
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Só descobri isto agora, agora que a Ilustrarte 2012 está aí a rebentar já no dia 12 de Janeiro. Regozijo e entristeço ao mesmo tempo enquanto ouço e penso na opinião de Jorge Silva. Com a qual, na generalidade, em muito concordo embora discorde num único ponto. Não é essa a questão, como passarei a explicar: no passado ano lectivo, no Outono de 2010, propus aos meus alunos da altura, 2º ano de Design, um trabalho chamado My Favourite Things. Pensei-o então para poder dar resposta a uma vontade e interesse pela ilustração por parte dos alunos, com o propósito de os fazer experimentar ao mesmo tempo técnicas quase artesanais de impressão e múltiplos. O objecto final seria um exlibris, uma imagem pessoal composta de diversas coisas e escolhas também elas pessoais, únicas e idiossincráticas. No final, todos desenhavam, estudavam um pouco, imprimiam e improvisavam… O trabalho não correu sem falhas mas nem por isso foi desastroso ou infeliz. Pelo contrário. Simplesmente não tinha havido o tempo nem as condições necessárias, apenas um período de contacto por semana num semestre indigno de tal nome. Depois, na fase de avaliações, foi-me apontado por alguém acima que isto não tinha sido afinal Desenho…que era ilustração, que era arte gráfica. Que era, horror, Design!
Assim, aquilo que aqui me faz discordar de Jorge Silva é a mesmíssima razão pela qual discordo do que me foi dito nessa reunião do meu grupo na FA.UTL – é a que partilham de uma ideia demasiado estreita e redutora do que é Desenho, daquele que depende apenas e em exclusivo da observação, daquele que é fiel e verosímil, daquele que se diz ser virtuoso.
Pois que a mim ninguém me tira da cabeça que monotipos, impressões, rabiscos, letras e artes gráficas são ainda, e sobretudo, desenhos. E que todos os ilustradores devem saber desenhar bem. O que não quer dizer que isso seja desenhar bem como aqueles que mandam dizem que deve ser.Que o desenho é coisa mental. É um modo de ver, e de dar a ver.
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Não são coisas assim tão diferentes afinal, um conjunto de preceitos, técnicas, gestos, a correcta escolha de materiais e suportes para um obter produto eficaz, correcto e, se correr mesmo muito bem, com alguma arte. Já Bruno Munari fizera uma analogia do Design, ou melhor, da metodologia projectual, com a receita de um arroz verde, de espinafres.
Espero com esta turma do 2º A de Design conseguir fazer assim um belo livrinho de cozinha, receitas propostas e ilustradas por cada um. Invertemos e sobrepomos no caminho as regras da culinária, do desenho e do design do livro, fazendo destes uma e a mesma coisa.
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Um bocadinho a propósito da Coreia, mas sem grande pertinência afinal, aqui fica o trabalho do coreano Osang Gwon com centenas de fotografias – um pouco dos mosaicos com polaroids de David Hockney, um pouco cubista – enquanto não recupero as minhas pastas e favoritos:
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Foram alguns alunos que me mostraram isto e ontem uma aluna voltou a lembrar-mo. Anda aí a rodar nas redes sociais, que não seja motivo para não passar aqui também este desenho paciente e virtuoso que Miguel Endara fez, com milhões de pontos, a partir duma fotografia de seu pai.
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Os desenhos destes artistas estão para lá de qualquer explicação, de qualquer classificação de hiperrealismo – porque são de tal modo fotográficos, logo quase obsoletos, incompreensíveis. Prendem-nos pelo seu rigor técnico, pelo seu domínio mas também eloquência dos materiais e instrumentos de representação. Trabalhos quase masoquistas, quase impossíveis.
Paul Cadden, Scottish Landscape, grafite sobre papel reciclado, mais aqui.
James White, Burger Box, óleo e verniz sobre chapa de bétula, 2010…mais aqui.
Nicholas Middleton, Demolished House, óleo sobre tela, 2008-9, aqui.
Armin Mersmann, ShadowPlay I, grafite sobre cartão, 2008. Aqui.
Do mesmo artista, Sticks and Stones de 2005:
E é este autor quem nos diz, para terminar: “I find a good rendering is a drawing of what a person sees, I find a work of art is a drawing of what others don’t see. ”
Armin Mersmann
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Uma lição de criatividade e método…parece simples mas é mais na mouche!(clique aqui para entrar na página)
Para além deste guia, Austin Kleon, artista e escritor texano, faz poesia gráfica com uma espécie de ‘escuracionismo’ textual. A ver absolutamente.
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