Só descobri isto agora, agora que a Ilustrarte 2012 está aí a rebentar já no dia 12 de Janeiro. Regozijo e entristeço ao mesmo tempo enquanto ouço e penso na opinião de Jorge Silva. Com a qual, na generalidade, em muito concordo embora discorde num único ponto. Não é essa a questão, como passarei a explicar: no passado ano lectivo, no Outono de 2010, propus aos meus alunos da altura, 2º ano de Design, um trabalho chamado My Favourite Things. Pensei-o então para poder dar resposta a uma vontade e interesse pela ilustração por parte dos alunos, com o propósito de os fazer experimentar ao mesmo tempo técnicas quase artesanais de impressão e múltiplos. O objecto final seria um exlibris, uma imagem pessoal composta de diversas coisas e escolhas também elas pessoais, únicas e idiossincráticas. No final, todos desenhavam, estudavam um pouco, imprimiam e improvisavam… O trabalho não correu sem falhas mas nem por isso foi desastroso ou infeliz. Pelo contrário. Simplesmente não tinha havido o tempo nem as condições necessárias, apenas um período de contacto por semana num semestre indigno de tal nome. Depois, na fase de avaliações, foi-me apontado por alguém acima que isto não tinha sido afinal Desenho…que era ilustração, que era arte gráfica. Que era, horror, Design!
Assim, aquilo que aqui me faz discordar de Jorge Silva é a mesmíssima razão pela qual discordo do que me foi dito nessa reunião do meu grupo na FA.UTL – é a que partilham de uma ideia demasiado estreita e redutora do que é Desenho, daquele que depende apenas e em exclusivo da observação, daquele que é fiel e verosímil, daquele que se diz ser virtuoso.
Pois que a mim ninguém me tira da cabeça que monotipos, impressões, rabiscos, letras e artes gráficas são ainda, e sobretudo, desenhos. E que todos os ilustradores devem saber desenhar bem. O que não quer dizer que isso seja desenhar bem como aqueles que mandam dizem que deve ser.Que o desenho é coisa mental. É um modo de ver, e de dar a ver.
Assinadíssimo por baixo.
Caríssima professora, até parece estranho essas vistas estreitas virem de cima num sítio que se diz vanguardista. Efectivamente as tags que evocam este post serão estas (parece mentira) : [ FACULDADE de ARQUITECTURA, UNIVERDIDADE TÉCNICA de LISBOA, ano 2012, DOCÊNCIA, ENSINO SUPERIOR. ]… Incrível.
Obrigada Nelson. Por acaso ainda me lembrei (me lembraram) de ti, pois o Miguel Guimarães publicou um link para os teus retratos no Facebook. Grandes admiradores que conservas por aqui! É pena sim mas não creio que se diga vanguardista. Devia ser, pensar e experimentar um pouco à frente, mas creio que essa não é vocação (para não dizer outra coisa…) de quase toda a academia nacional, e não só da nossa. Até mesmo no resto da nossa terra, onde há faltas de ideias o debate não é bem vindo, deve ser isso.